quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Uma sede para o Tocándar

Termina mais um período de trabalho do Tocándar. Desde o início de 2009, foram realizados vinte e dois espectáculos e perto de uma centena de oficinas de percussão. Estendemos a nossa actividade aos jovens de Vieira de Leiria. Chegou o momento de gozar umas merecidas férias. Mas não estamos tranquilos (nunca estamos tranquilos…).
Será pertinente destacar um conjunto de acontecimentos do mês de Julho que, pelo seu significado, fazem este projecto significar algo mais.
No dia 25 de Julho a Associação Tocándar assinou com a Associação CLES do Senegal um protocolo de colaboração, conscientes as duas organizações de que devem cooperar por um mundo melhor.
Na última semana de Julho o Tocándar rumou ao planalto mirandês, onde se viu envolvido num verdadeiro banho de cultura. Por lá, a participação nos concertos e actividades do “L Burro I L Gaiteiro” (“O Burro e o gaiteiro”) e na Feira de Instrumentos Musicais Ibéricos transformaram-se num sucesso! Foi o concerto de lançamento do CD da banda de gaitas Roncos do Diabo, gravado com a colaboração do Tocándar; foi a participação no espectáculo dos Galandum Galundaina, após um fim de tarde de trabalho conjunto para apurar os toques; foram as aulas de pauliteiros, o novo projecto Tocándar; foi o convite da banda espanhola La Musgaña para participação num festival de percussão já no próximo ano e para o desenvolvimento de trabalho conjunto, que pode virar disco; foram os encontros com personalidades destacadas da música tradicional ibérica, como Paco Diez, Luís Delgado, Jorge Lira, etc. Mas o destaque principal vai para a inesgotável capacidade dos jovens do Tocándar de conquistarem as pessoas e fazerem amigos.
A qualidade e profundidade do trabalho desenvolvido contrasta flagrantemente com as condições em que se faz a preparação do projecto. De tambores às costas, saltámos da Escola Calazans Duarte para o Edifício da Resinagem, ninguém sabe se por dias ou por meses. As nossas costas, negras das pancadinhas de parabéns, carregam o peso de uma certa indiferença que corajosamente transformamos em recurso, com que nos armamos para o futuro. Garanto-vos que, de todos os amigos que temos feito por essas terras, ninguém fica indiferente à absurda falta de condições em que trabalhamos. Aos mais distraídos lembramos que várias são as instituições na Marinha Grande que utilizam instalações oferecidas para Câmara Municipal, para o desenvolvimento do seu inestimável trabalho de formação de jovens e de intervenção social. É urgente a criação na Marinha Grande de infraestruturas capazes de acolher projectos do tipo do Tocándar, do Rancho Folclórico, das Orquestras Ligeiras e das Bandas de Garagem. Cabe às autarquias locais, Câmara Municipal e Junta de Freguesia a parte fundamental e decisiva desta responsabilidade. Nós estamos no terreno a intervir. E temos dado provas de reunir as competências necessárias para o fazer. Não podemos continuar a assistir ao tratamento diferenciado de estruturas do mesmo tipo. Não há mais tempo para indecisões. Os apoios financeiros que a Câmara Municipal e da Junta de Freguesia têm prestado, em troca da actividade desenvolvida, são importantes. Mas de uma vez por todas, é urgente encontrar instalações adequadas para o Tocándar! Se o problema são propostas, nós temos várias!
É a dedicação de mais de 700 jovens, apoiados pelas suas famílias, que tem tornado possível o crescimento contínuo deste projecto, que muito nos orgulha.
A partir de Setembro, será possível participar nas actividades do projecto, gratuitamente como sempre, no Parque da Cerca. Convidamos os pais, as mães e os filhos a experimentarem a magia dos tambores. Convidamos todos os jovens a viverem as emoções do trabalho de recriação da música tradicional e das tradições e a possibilidade de integrarem um projecto com projecção internacional.
In jornal "Expressões" da Marinha Grande