Num texto lúcido e competente, Miguel Urbano Rodrigues alerta-nos para as raízes históricas e alguns aspetos da realidade que se vive na Ucrânia (vêr aqui).
"A tragédia ucraniana não teria sido possível sem a cumplicidade da União Europeia e dos EUA. Na sua estratégia de cerco à Rússia os governos imperialistas do Ocidente e os seus serviços de inteligência incentivaram as forças extremistas que semearam o caos na Ucrânia ocidental, abrindo a porta à onda de barbárie em curso. Foram as autodenominadas democracias ocidentais quem financiou e armou os bandos fascistas que sonham com pogroms de comunistas e exigem arrogantemente a adesão da Ucrânia à União Europeia."
"A situação existente é alias tão caótica que não está claro quem exerce o poder, partilhado pela Rada e pelas organizações fascistas, que põem e dispõem em Kiev e em dezenas de cidades, praticando crimes repugnantes perante a passividade da policia e do exército."
Destaco ainda os seguintes textos sobre os acontecimentos na Ucrânia:
"História relâmpago na Ucrânia"
"Os acontecimentos na Ucrânia estão a decorrer a grande velocidade, e tornam-se
difíceis de entender. Este presente texto é uma tentativo de sumarizar alguns
acontecimentos, e sistematizar as respostas a várias perguntas que me foram
ocorrendo e suponho estarão a ocorrer a outros que se esforcem por acompanhar e
fazer sentido dos acontecimentos. Não pretende ser exaustivo, nem uma análise
política. Procurei limitar-me a listar alguns factos (com alguns comentários),
consciente de que nem mesmo uma mera lista de factos é isenta de interpretação.
A wikipedia providencia uma sumário relativamente imparcial dos acontecimentos
quase diários do que chamam a (ver)."
"Los miembros de la revuelta ucraniana de Maidan ejecutan a los opositores"
"Las milicias fascistas ucranianas de Leviy Sektor, que han participado en el golpe de estado pertrechado al gobierno ucraniano con apoyo de los EEUU y la UE, detuvieron la caravana de autobuses con manifestantes, bloqueando la carretera portando armas de fuego y lanzando un cóctel molotov al primer bus. Además del factor ideológico, los asaltados pertenecen a una minoría étnica de crimeanos, por lo que odio racial y la xenofobia se sumó al hecho de que fueran antifascistas activos."
"I'll be fighting Jews and Russians till I die': Ukrainian right-wing militants aiming for power"
Kalashnikov-wielding members of Ukraine's radical nationalist opposition group, Right Sector, have pledged to resort to arms in their fight against those involved in "lawlessness" and looting, saying they will shoot to restore "order and discipline." http://rt.com/news/ukraine-right-sector-militants-210/
Preocupa-me (e muito) o rumo dos
acontecimentos na Ucrânia. Analisando o percurso deste país desde o fim da URSS,
temos assistido ao evoluir de “processos”, às vezes pouco naturais, nos quais o
povo sai sempre a perder. A “informação oficial” tem-nos relatado apenas uma
parte da história. Deixo à vossa consideração outra informação, que considero
importante para melhor perceber o que verdadeiramente está em jogo.
José João Louro (Retirado do Facebook - 2014.02.23 | 22.23 horas)
"Os nazis na Ucrânia atacam agora sedes de partidos políticos .atacam líderes operários comunistas e sindicalistas nas suas casas ,lançam uma operação de terror antes das eleições para intimidar pessoas e organizações. Ameaçam, comunistas, socialistas, simples patriotas ucranianos defensores da democracia. A minoria russa na Ucrânia sente-se agora ameaçada por hordas de fascistas violentos e encartados. Até os meninos das claques de futebol surgem agora como elementos ameaçadores em várias cidades. Isto foi o que se passou com a Frente de Bronze antes da vitória de Hitler. A intimidação antes das eleições para poder varrer as forças de esquerda do Parlamento ...Temos de seguir atentamente estes acontecimentos ....alguns destes exemplos podem repetir-se noutros países europeus. A extrema direita nestes países está cada vez mais violenta e agressiva...os membros do antigo Partido Nacional Socialista Ucraniano (Svoboda) tem apoios diversos para estas ações terroristas...."
“A escalada de
provocações e violência na Ucrânia seria trágica só por si. Mas é-o muito mais
se se tiverem em conta as implicações e os objetivos da desestabilização em
curso. Tornou-se já completamente claro um padrão na estratégia do
imperialismo: cada país que desestabiliza e destrói torna-se uma nova reserva
de carne de canhão mercenária para novas desestabilizações noutro lugar mais
adiante. É assim com os grupos armados de radicais islâmicos no Norte de África
e no Médio Oriente, é assim com os grupos de extrema-direita e fascistas na
Europa de Leste.”
In: “EUA e UE pagam os agitadores e manifestantes ucranianos”(Paul Craig Roberts - Ex secretário
Assistente do Tesouro para Política Económica e editor associado do Wall Street
Journal. Colaborou na Business
Week, Scripps Howard News Service e Creators Syndicate)
“É transparente que o fascismo ucraniano
exibe o seu rosto hediondo. Fazer previsões sobre o rumo da Ucrânia nas
próximas semanas seria entrar no campo da especulação. Mas os desmandos e
violências em curso dos grupos fascistas são inquietantes. Os trágicos
acontecimentos da Ucrânia serão recordados no futuro como marco de um perigoso
desafio do fascismo numa região nevrálgica da Europa Oriental.”
“A CANVAS, antigamente OTPOR, em 2000 recebeu
quantias significativas de dinheiro do Departamento de Estado dos EUA para
encenar a primeira Revolução Colorida com êxito contra Slobodan Milosevic, na
então Jugoslávia. Desde então eles foram transformados numa "consultora de
revolução" em tempo integral dos EUA, fazendo-se passar por um grupo
sérvio de base que apoia a "democracia". [2] Quem
alguma vez pensaria que uma ONG de base sérvia seria uma frente para operações
de mudança de regime apoiadas pelos EUA?”
In: “Protestos na Ucrânia
são cuidadosamente orquestrados – O papel do CANVAS, o grupo de treino em
"revoluções coloridas" financiado pelos EUA” (F. William Engdahl - Autor de A Century of War: Anglo-American Oil
Politics in the New World Order. Seu sítio web é www.engdahl.oilgeopolitics.net)
“Os protestos no
ocidente da Ucrânia são organizados pela CIA, pelo Departamento de Estado dos
EUA e por organizações não governamentais (ONGs) financiadas pela UE que
trabalham em conjunto com a CIA e o Departamento de Estado. A finalidade dos
protestos é anular a decisão do governo independente da Ucrânia de não aderir à
UE.”
In: “Protestos
orquestrados por Washington desestabilizam a Ucrânia” (Paul Craig Roberts - Ex
secretário Assistente do Tesouro para Política Económica e editor associado do Wall
Street Journal. Colaborou na Business
Week, Scripps Howard News Service e Creators Syndicate)
“Os últimos meses assistiram a protestos
regulares da oposição política ucraniana e seus apoiantes – protestos
ostensivamente em resposta à recusa do presidente Yanukovich a assinar um
acordo comercial com a União Europeia, encarado por muitos observadores
políticos como o primeiro passo rumo à integração europeia. Os protestos foram
razoavelmente pacíficos até 17 de Janeiro, quando manifestantes armados com paus,
capacetes e bombas improvisadas desencadearam uma violência brutal sobre a
polícia, atacando edifícios governamentais, batendo em quem fosse suspeito de
simpatias pelo governo e provocando destruição generalizada nas ruas de Kiev.
Mas quem são estes extremistas violentos e qual é a sua ideologia?”
“A formação política conhecida como
"Pravy Sektor" (Sector Direita) é basicamente uma organização chapéu
para um certo número de grupos ultra-nacionalistas (ler fascistas) incluindo
apoiantes do Partido "Svoboda" (Liberdade), "Patriotas da
Ucrânia", "Ukrainian National Assembly – Ukrainian National Self
Defense" (UNA-UNSO) e "Trizub". Todas estas organizações
partilham uma ideologia comum que entre outras coisas é veementemente
anti-russa, anti-imigrantes e anti-judia. Além disso, partilham uma reverência
comum pela chamada "Organização de Nacionalistas Ucranianos" liderada
por Stepan Bandera, os infames colaboradores dos nazis que combateram
activamente contra a União Soviética e cometeram algumas das piores atrocidades
da II Guerra Mundial.”
“Um vídeo com pouco mais de seis minutos,
publicado no Youtube, vale como um tratado de alta política e de minuciosa
geoestratégica. Pelo menos à altura e com a minúcia da política e da estratégia
como se praticam nos tempos que correm. Deixo-vos o endereço do vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=sSx8yLOHSUs
A veracidade da peça não suscita dúvidas, porque a intérprete já a confirmou ao
acusar os serviços secretos russos de a terem espiado, e logo a ela, uma
subsecretária do Estado que espia meio mundo e também a outra metade. No vídeo, a Srªa Victoria Nuland,
subsecretária de Estado norte-americana para a Europa e a Euroásia, e o Sr.
Geofrey Pyatt, embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, trocam impressões
sobre a estratégia a adoptar para controlar os acontecimentos neste país
europeu, a principal frente da renovada guerra fria. Enquanto manifestantes se
esfalfam na Praça Maidan de Kiev atrás de dirigentes em que acreditam piamente,
ou porque lhes prometem a democracia e a liberdade plenas ou então tudo isto e
ainda mais o céu da União Europeia, a Srª Nuland e o Sr. Pyatt, provavelmente
tal como a Srª Merkel, o Sr. Barroso, mais o Sr. Putin, combinam o modo de
conduzi-los como peças do xadrez dos seus interesses. Peões especiais porque o
Sr. embaixador confessa que “a peça Klitschko é o electrão mais complicado”
neste “jogo”.
“O que está a
acontecer na Ucrânia está longe de ser uma luta entre uma oposição
“democrática” pró-UE e um regime “autocrático” pró-Rússia. Os partidos pró-UE
na Ucrânia nasceram da “Revolução Laranja” de 2004 e são inimigos da classe
trabalhadora e da soberania ucranianas. Por outro lado, o partido do governo,
que ganhou as últimas eleições em 2010 e colocou o Presidente Viktor Yanukovych
em funções, tem um programa social e económico que pouco difere dos principais
partidos da oposição.”
In: “O Imperialismo dos EUA e da UE quer apoderar-se da Ucrânia” (John Catalinotto Member of the Marxist-Leninist Workers World Party; Managing editor of Workers
World)
"Em Portugal, na Europa e no mundo, vivemos um tempo de graves e inadiáveis opções. Este é o tempo de, corajosamente, romper com o desastre, de afirmar um outro rumo e, com entusiasmo, mobilizar energias para o concretizar."
No próximo dia 25 de maio terão lugar as eleições para o Parlamento Europeu. A Coligação Democrática Unitária (PCP - PEV) prepara-se para esta batalha "estando onde sempre esteve: no terreno da luta pela concretização de uma imensa vontade colectiva de mudança – por um futuro melhor, para Portugal e para os portugueses."
Todos os dias somos bombardeados com as últimas notícias sobre a situação política e social da Ucrânia. Pessoalmente, desde sempre me cheiraram a "esturro" as formas e o conteúdos que têm tomado quer "as lutas", quer a sua divulgação. Nestas coisas, para uma reflexão mais profunda, é indispensável ter acesso a diferentes pontos de vista e fontes informativas. Estamos habituados ao autodenominado "humanismo desinteressado" da UE e dos EUA e ao que ele tem significado para a tentativa de submissão dos povos. Claramente se vislumbra na situação ucraniana o tentáculo do império, que chega ao ponto de apoiar grupos neonazis.
A entrevista de Jean -Marie Chauvier(ver aqui) (jornalista e ensaísta belga, especialista na Ucrânia e na antiga União Soviética) vem fazer luz e esclarecer muitas das minhas suspeitas.
"A Ucrânia é partilhada – histórica, cultural, politicamente – entre o Oriente e o Ocidente, e não faz nenhum sentido lançar uma contra a outra, a não ser para se colocar um cenário do início da guerra civil, o que é, provavelmente, a intenção de alguns. À força de impor a divisão, como estão a fazer os ocidentais e seus pequenos soldados no local, pode vir o tempo em que a UE e a NATO poderão ter o seu "pedaço", mas onde também a Rússia tomará o seu! Não seria o primeiro país que se faria deliberadamente explodir. Todos devem estar cientes de que a opção europeia também será militar: a NATO virá a seguir e em breve se vai levantar a questão da base russa em Sebastopol na Crimeia, maioritariamente da Rússia e estrategicamente crucial para a presença militar no Mar Negro. Pode-se imaginar que Moscovo não vai deixar instalar uma base dos EUA naquele lugar!"