Iniciou-se na Marinha Grande o processo de
construção do Orçamento Participativo (OP).
Sou desde há muito um entusiasta da ideia. Creio
que é uma forma particularmente rica de democracia participativa. O Programa
Eleitoral da CDU para as autárquicas de 2005, continha a ideia da realização
deste tipo de participação dos munícipes.
O modelo escolhido e o Regulamento para este
arranque está definido no sítio do Orçamento Participativo.
O Artigo 5º do Regulamento define que:
"O
Orçamento Participativo incide sobre todo o território do concelho da Marinha
Grande, sendo apenas admitidas as propostas que digam respeito às seguintes
áreas de atuação:
-
Infraestruturas viárias, trânsito e mobilidade;
-
Proteção ambiental e energia;
-
Reabilitação e requalificação urbana;
-
Espaço público e espaços verdes;
-
Saneamento básico e higiene urbana;
-
Cultura, juventude e ação social.”
As propostas a apresentar deverão incidir
apenas sobre “investimentos públicos concretos a realizar no concelho da Marinha
Grande” (Art. 2º).
Pretende-se “envolver os cidadãos no processo de identificação dos problemas do território ... e nas decisões sobre a
prioridade dos investimentos que melhorem a sua qualidade de vida.”
A proposta, com estes conteúdos, merece desde
já algumas reflexões.
Cremos ser de evitar a excessiva “burocratização”
do processo de discussão e apresentação de propostas.
Os munícipes são convidados a envolver-se na “identificação
dos problemas” e nas “decisões sobre a prioridade dos investimentos”. A participação
dos munícipes num processo deste tipo, pressupõe que estejam definidos pelo
município os eixos e as políticas fundamentais para o desenvolvimento do
concelho nas diversas áreas, quer do ponto de vista das infraestruturas, quer
do ponto de vista das ações práticas a implementar. Essas políticas deverão
merecer ampla divulgação. Creio que estes aspetos não estão (claramente) definidos,
desenvolvidos e publicitados.
Teria extraordinária utilidade o encontro
regular do executivo com as populações, nos lugares e em instituições representativas. Dessas ações brotam ideias
e sugestões concretas que, devidamente trabalhadas, podem dar lugar a
magníficas realizações para toda a comunidade, a inscrever no Plano de
Atividades e nos demais instrumentos previsionais. É por aqui que concebo a
principal contribuição das populações para um OP.
As grandes linhas de conceção e construção
de infraestruturas e os eixos motores das políticas, devem assentar nas
propostas das forças políticas com representação nos órgãos de poder. E essas
linhas e políticas, quando transpostas para o programa de ação autárquico,
deveriam ter sempre em conta as contribuições das populações.
Um OP, a meu ver, deverá assentar neste diálogo
permanente, neste contínuo sufrágio. Porque bem poderemos criar um quadro, no
qual a montanha pode parir um rato.
Por agora, será importante que muitos participem e ajudem a melhorar.
Por agora, será importante que muitos participem e ajudem a melhorar.
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