Recentemente, foi aprovada na sessão distrital do “Parlamento dos Jovens” um Projecto de Recomendação à Assembleia da República apresentado por jovens da Escola Secundária Calazans Duarte. Sendo professor nesse estabelecimento de ensino, muito me honra que o mérito destes nossos alunos tenha sido reconhecido. A proposta consistia na “criação de uma Assembleia Municipal de jovens onde estes possam expor livremente as suas ideias sobre as políticas conduzidas pelas autoridades e, ao mesmo tempo, questionarem e debaterem temas de interesse e impacto social.”Sou particularmente sensível a esta temática. Há muito defendo em teoria e na minha prática o envolvimento dos jovens (e das crianças) no fenómeno social. Em teoria, tenho defendido a criação de uma Comissão Municipal da Juventude verdadeiramente representativa e interventiva. Na prática, tenho procurado implementar, na profissão e nos projectos que desenvolvo, diversas formas de democracia representativa e participativa. O caminho nunca é fácil e isento de espinhos. Mas garanto que a experiência vale a pena.
É urgente construir um modo novo de pensar a nossa cidade. E este modo novo tem de ser construído na base do envolvimento dos mais jovens e no cruzamento das suas expectativas com as experiências dos avós.
Não basta erguermos permanentemente o bastão punitivo sobre as cabeças das gerações mais jovens e classificá-las de incapazes, distraídas e prevaricadoras. É preciso criarmos condições para a revelação das inúmeras capacidades escondidas ou adiadas que habitam cada um dos que encontramos todos os dias nos pátios das escolas ou nas empresas. Mas para isso tem de haver políticas: a nível nacional e a nível local.
A meu ver o eixo central passaria pela criação de uma Comissão Municipal da Juventude, criação de Centros de Apoio às Actividades Juvenis e utilização dos edifícios sede das colectividades como autênticos Centros de Recursos para intervenção na sociedade. Aqui se juntaria a intervenção de Mediadores e Animadores, associados a projectos existentes ou a criar na nossa terra.
Aos mais interessados nesta problemática recomendo, entre outras, a leitura da obra “La ciudad de los niños” de Francesco Tonucci, investigador do Instituto de Psicologia do Conselho Nacional de Investigação de Roma.
Existem propostas e ideias. É urgente agirmos sem termos receio de sermos “acusados” de dar demasiado poder aos jovens. Afinal, são eles o futuro. E o futuro constrói-se.
(Editado no semanário "Expressões" do dia 17 de Abril)
domingo, 5 de abril de 2009
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