sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

As casas: da cultura, da música e de outras coisas

Na Marinha Grande entrámos numa certa “espiral das casas". As duas mais recentes de que ouvimos falar foram a casa da cultura e, agora, a casa da música.
Efetivamente existem na Marinha Grande há dezenas de anos “casas de cultura” e “casas de música”. Cada edifício de uma coletividade tem sido, em maior ou menor grau, com mais ou menos condições, uma casa de cultura e uma casa de música (de e não da). Estas casas têm sido, geralmente, muito mais que isso. É por elas que tem passado parte essencial da nossa cultura e vida coletiva. São elas que deverão estar na primeira linha de intervenção, no sentido de fortalecermos o combate permanente em defesa das nossas identidades.
Casa da música ou da cultura (das duas coisas juntas ou separadas), seria aquele edifício (ou conjunto de edifícios) constituídos por “células” (sala/salas polivalentes, auditório/auditórios, cabines insonorizadas, salas para ensaios de naipes - grupos de diferentes instrumentos, salas de espelhos, gabinetes de trabalho, camarins, etc.) onde pudessem coabitar distintas formas de intervenção artística (música, canto, dança, fantoches, robertos, artes tradicionais, etc.) desde as tradicionais e de identidade, às mais eruditas e clássicas.
Com casas de tanta coisa projetadas, continua a ser complicado realizar um ensaio de uma banda de garagem ou de um grupo, mais ou menos profissional, em condições satisfatórias tanto para os músicos, como para as vizinhanças.
A chamada “Casa da Cultura”, que estará na fase final de construção, constituída pelo Teatro Stephens e por aquela “coisa grande”, que tem uma altura desnecessária e injustificada, só fará sentido se apoiar a sua atividade numa política global para a cultura (as culturas), que necessariamente terá de emergir do tecido associativo e das escolas.
O edifício que vai sofrer obras de ampliação no Parque Mártires do Colonialismo, não é verdadeiramente uma casa da música, porque não tem as condições adequadas a essa finalidade. Mais depressa seria um “centro de apoio a atividades juvenis” (núcleo de uma rede que em tempos propus). Esse edifício, propriedade do município e que deverá ficar à responsabilidade do Tocándar, será constituído por algumas salas de pequena dimensão, com a finalidade de nelas se guardarem instrumentos, podendo, numa das salas, realizar-se ensaios, de forma controlada. Entendemos por isso que “casa da música” é um nome que não se ajusta.
É urgente intervir, designadamente ao nível das crianças e dos jovens. Mas, se não existir uma política para a cultura, com casas ou sem elas, teremos mais do mesmo, pese embora as boas práticas que se conhecem e o empenhamento de diversos ativistas da “coisa cultural”.
 
 

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