Na Marinha Grande entrámos
numa certa “espiral das casas". As duas mais recentes de que ouvimos falar
foram a casa da cultura e, agora, a casa da música.
Efetivamente existem na
Marinha Grande há dezenas de anos “casas de cultura” e “casas de música”. Cada
edifício de uma coletividade tem sido, em maior ou menor grau, com mais ou
menos condições, uma casa de cultura e uma casa de música (de e não da). Estas
casas têm sido, geralmente, muito mais que isso. É por elas que tem passado
parte essencial da nossa cultura e vida coletiva. São elas que deverão estar na
primeira linha de intervenção, no sentido de fortalecermos o combate permanente
em defesa das nossas identidades.
Casa da música ou da cultura
(das duas coisas juntas ou separadas), seria aquele edifício (ou conjunto de
edifícios) constituídos por “células” (sala/salas polivalentes, auditório/auditórios,
cabines insonorizadas, salas para ensaios de naipes - grupos de diferentes
instrumentos, salas de espelhos, gabinetes de trabalho, camarins, etc.) onde
pudessem coabitar distintas formas de intervenção artística (música, canto,
dança, fantoches, robertos, artes tradicionais, etc.) desde as tradicionais e
de identidade, às mais eruditas e clássicas.
Com casas de tanta coisa
projetadas, continua a ser complicado realizar um ensaio de uma banda de
garagem ou de um grupo, mais ou menos profissional, em condições satisfatórias
tanto para os músicos, como para as vizinhanças.
A chamada “Casa da Cultura”,
que estará na fase final de construção, constituída pelo Teatro Stephens e por
aquela “coisa grande”, que tem uma altura desnecessária e injustificada, só
fará sentido se apoiar a sua atividade numa política global para a cultura (as
culturas), que necessariamente terá de emergir do tecido associativo e das
escolas.
O edifício que vai sofrer
obras de ampliação no Parque Mártires do Colonialismo, não é verdadeiramente
uma casa da música, porque não tem as condições adequadas a essa finalidade. Mais
depressa seria um “centro de apoio a atividades juvenis” (núcleo de uma rede
que em tempos propus). Esse edifício, propriedade do município e que deverá
ficar à responsabilidade do Tocándar, será constituído por algumas salas de
pequena dimensão, com a finalidade de nelas se guardarem instrumentos, podendo,
numa das salas, realizar-se ensaios, de forma controlada. Entendemos por isso
que “casa da música” é um nome que não se ajusta.
É urgente intervir,
designadamente ao nível das crianças e dos jovens. Mas, se não existir uma
política para a cultura, com casas ou sem elas, teremos mais do mesmo, pese
embora as boas práticas que se conhecem e o empenhamento de diversos ativistas
da “coisa cultural”.
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