quinta-feira, 1 de novembro de 2012

À volta da fogueira

O fogo une-nos! Desde meninos que nos contam histórias de gente reunida à volta da fogueira. Essa “roda de fogo” associa-se no nosso imaginário a danças tribais, ritmos e contadores de histórias. Era em família que os mais velhos iniciavam os mais novos nas artes da vida. A fogueira aquecia e reunia. Era o momento de todos juntos, na divisão principal da casa. Recordo com particular emoção as “rodas de fogo” em que participei com alguns veteranos da luta antifascista e que contribuíram decisivamente para a minha formação. Foi com eles que aprendi coisas sobre a vida nas prisões e na luta clandestina. Foram eles que me ensinaram as canções da guerra civil espanhola. Foi deles que ouvi narrativas na primeira pessoa, que li depois na grande obra literária que é o “Até amanhã camaradas”. O tempo passou. Os velhos lutadores que nos contaram tudo aquilo que os levara até ali, partiram. Ficámos nós, os fieis depositários de histórias de tantas vidas e convicções. E é nossa obrigação passar esses legados a quem, depois de nós, há-de continuar o caminho. É por isso urgente inventar as novas “rodas de fogo” para que as jovens gerações recebam o legado das nossas tradições. Cortar esta cadeia, é atentar contra a nossa identidade eminentemente social. Sem nos juntarmos e partilharmos os nossos pensamentos, não há futuro digno! É talvez por isso que o poeta diz que “Os meninos à volta da fogueira | Vão aprender coisas de sonho e de verdade | Vão aprender como se ganha uma bandeira | Vão saber o que custou a liberdade.”
 
 
 

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