O fogo une-nos! Desde meninos que nos contam histórias
de gente reunida à volta da fogueira. Essa “roda de fogo” associa-se no nosso
imaginário a danças tribais, ritmos e contadores de histórias. Era em família
que os mais velhos iniciavam os mais novos nas artes da vida. A fogueira
aquecia e reunia. Era o momento de todos juntos, na divisão principal da casa.
Recordo com particular emoção as “rodas de fogo” em que participei com alguns
veteranos da luta antifascista e que contribuíram decisivamente para a minha
formação. Foi com eles que aprendi coisas sobre a vida nas prisões e na luta
clandestina. Foram eles que me ensinaram as canções da guerra civil espanhola.
Foi deles que ouvi narrativas na primeira pessoa, que li depois na grande obra
literária que é o “Até amanhã camaradas”. O tempo passou. Os velhos lutadores
que nos contaram tudo aquilo que os levara até ali, partiram. Ficámos nós, os
fieis depositários de histórias de tantas vidas e convicções. E é nossa
obrigação passar esses legados a quem, depois de nós, há-de continuar o
caminho. É por isso urgente inventar as novas “rodas de fogo” para que as
jovens gerações recebam o legado das nossas tradições. Cortar esta cadeia, é
atentar contra a nossa identidade eminentemente social. Sem nos juntarmos e
partilharmos os nossos pensamentos, não há futuro digno! É talvez por isso que
o poeta diz que “Os meninos à volta da fogueira | Vão aprender coisas de sonho
e de verdade | Vão aprender como se ganha uma bandeira | Vão saber o que custou
a liberdade.”
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
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