Porque
surgem, cada vez com mais frequência, listas de cidadãos independentes? Listas de gente que fez as maiores trafulhices e
que por isso já não é “cómoda” para os seus partidos de origem; Listas de oportunistas que não encontram lugar
em nenhum partido (nenhum partido os quer); Listas de ressabiados com os seus anteriores
partidos, que já não os querem como candidatos; Listas que são compostas por cidadãos que dão
uma péssima imagem do exercício da “política”; Listas de cidadãos que fazem a apologia da
“filosofia antipartidos”; Listas de cidadãos que não se revêm nos partidos
e nas suas propostas; Listas que juntam um pouco de tudo, com
predominância destes ou daqueles… Etc.
Creio que o
fundamental de uma sociedade é a estrutura partidária, considerando que os
partidos são o reflexo das diversas ideias de classe. Mas também é um facto que
numerosos cidadãos não se revêm em nenhum partido. Além disso, as sociedades
são atravessadas por uma crise que toca todos, inclusive os partidos,
constituídos por homens e mulheres, seres sociais.
E se, por um
lado os “sem vergonha” campeiam impunes, os oportunistas revelam as suas facetas
sem escrúpulos, e por isso vão merecendo cada vez menos crédito, por outro
lado, muitos cidadãos honestos vão tendo dificuldade em se rever nos erros
sistemáticos cometidos por aqueles que, eleitos por diferentes partidos, praticam
na gestão crivada de erros.
Facilmente
chegamos a uma situação em que o populismo dos “sem vergonha” e dos
oportunistas ainda colhe votos e mandatos, e a uma situação em que confiamos
(ou não) nas propostas dos partidos.
Creio que
as propostas que se encontram mais fundamentadas
são aquelas que os partidos apresentam. Se e quando elas resultam e são reflexo
das suas normas e vidas internas! Quando assim não acontece, creio que
assistiremos cada vez mais ao surgimento de listas, ditas de cidadãos
independentes, que, não se opondo aos partidos, concorrem contra eles.
Numa altura
em que se aproximam as eleições autárquicas, cabe a cada cidadão (ser social
sujeito a toda a informação/contrainformação/manipulação/etc.) perguntar aos
partidos (a cada partido “de per si” e a todos em conjunto), se acham que andam
a trabalhar tal como está previsto nos seus (de cada um) normativos internos e qual
a opinião que têm relativamente ao surgimento de mais “candidaturas independentes”.
Creio que, em
muitos casos, o aparecimento de “candidaturas de cidadãos independentes” é um
fenómeno conjuntural e resulta da incapacidade dos partidos mergulharem (a sério)
na sociedade e aí encontrarem a verdadeira legitimação para aquilo e aqueles
que propõem. Em alguns casos, as matrizes ideológicas partidárias não deixam
margem para dúvidas. Entretanto, têm-se gerado fenómenos de afastamento das
massas e dos próprios militantes. Linha que urge corrigir! Sob pena de os
partidos não poderem reivindicar-se de representantes de classe, nem de
vanguardas nas quais as massas se revêm. Creio que teremos de estudar e mudar
esta realidade!
Os que
são alheios ao povo e às suas necessidades e anseios, vivem assim menos mal. O que
eles pretendem é que os outros se percam…
2 comentários:
Parabéns Paulo. Magnífico texto.
Um Abraço, de democrata para democrata.
Rui Teodósio Pedrosa
Agradeço a leitura e a opinião.
Abraço
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