Independentemente da corrente ideológica na
qual nos incluamos, como cidadãos em busca de informação, devemos estar atentos
ao pensamento dos diferentes protagonistas da história. Miguel Urbano Rodrigues,
cidadão cujo pensamento muito respeito e que leio com muito interesse, tráz-nos
mais uma vez um texto (vêr aqui) que entronca na leitura que faz ao quarto número
da Revista Comunista Internacional, editada por órgãos teóricos de onze partidos
revolucionários, e que considera “um valioso contributo para a compreensão das
ameaças e problemas que afetam hoje a nível mundial a luta dos partidos
comunistas.”
Todo o seu artigo é importante para
conhecermos distintas realidades. Detive-me com mais atenção nos aspetos
relacionados com a participação de partidos comunistas em soluções de poder com
outras forças políticas, designadamente partidos socialistas ou à teorização
das chamadas “amplas frentes de esquerda” preconizadas pelo PEE (Partido da
Esquerda Europeia, do qual faz parte o português BE) e que, segundo MUR “conduzem
a uma aliança com a burguesia que subalterniza os partidos comunistas e faz
deles instrumentos de uma política reformista que nega a sua função
revolucionária.” Efetivamente, como é demonstrado por MUR com vários exemplos,
as soluções políticas de tais governos verificou-se serem iguais ou piores que as
dos chamados “governos burgueses” e foram antecedidas ou provocaram profundas
alterações ideológicas nesses partidos comunistas que, efetivamente, deixaram
de o ser.
No nosso país, o PCP, partido
marxista-leninista, considera que (vêr aqui) “Portugal é um país cada vez mais injusto, mais
desigual, mais dependente e menos democrático”, e destaca que “constitui um
imperativo nacional” “a urgência de uma
ruptura com esta política, de uma mudança na vida nacional que abra caminho à
construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda,” “uma condição para assegurar um Portugal com
futuro, de justiça social e progresso, um país soberano e independente.”
Essa política patriótica e de esquerda será:
“Patriótica, porque o novo rumo e a nova política de que Portugal
precisa têm de romper com a crescente submissão e subordinação externas, e
recolocar no centro da orientação política a afirmação de um desenvolvimento
económico soberano, a redução dos défices estruturais, a defesa intransigente
dos interesses nacionais, articulada com a necessária cooperação no plano
europeu e internacional.
De esquerda, porque, sem hesitações, rompe com a política de
direita, inscreve a necessidade de valorização do trabalho e dos trabalhadores,
a efectivação dos direitos sociais e das funções sociais do Estado, promove a
igualdade e a justiça social e o controlo público dos sectores estratégicos
nacionais, assume a opção clara de defesa dos trabalhadores e das camadas e
sectores não monopolistas.”
A luta por uma política patriótica e de esquerda é atividade militante a que
se deve propor cada membro do PCP. A militância comunista (já disse aqui) é, “para o comunista, que tem no
Partido a força dirigente aglutinadora e inspiradora,” “o mais exaltante motivo
de vida." É direito e dever de todo o militante, militar! É função de quem dirige, promover e organizar essa militância! Negar o dever e o direito
de militância, é ferir de morte um princípio elementar! (entre
aspas citações de “O partido com paredes de vidro”, A. Cunhal).
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