domingo, 24 de novembro de 2013

A propósito da “estrada do comunismo” de MUR

Independentemente da corrente ideológica na qual nos incluamos, como cidadãos em busca de informação, devemos estar atentos ao pensamento dos diferentes protagonistas da história. Miguel Urbano Rodrigues, cidadão cujo pensamento muito respeito e que leio com muito interesse, tráz-nos mais uma vez um texto (vêr aqui) que entronca na leitura que faz ao quarto número da Revista Comunista Internacional, editada por órgãos teóricos de onze partidos revolucionários, e que considera “um valioso contributo para a compreensão das ameaças e problemas que afetam hoje a nível mundial a luta dos partidos comunistas.”
Todo o seu artigo é importante para conhecermos distintas realidades. Detive-me com mais atenção nos aspetos relacionados com a participação de partidos comunistas em soluções de poder com outras forças políticas, designadamente partidos socialistas ou à teorização das chamadas “amplas frentes de esquerda” preconizadas pelo PEE (Partido da Esquerda Europeia, do qual faz parte o português BE) e que, segundo MUR “conduzem a uma aliança com a burguesia que subalterniza os partidos comunistas e faz deles instrumentos de uma política reformista que nega a sua função revolucionária.” Efetivamente, como é demonstrado por MUR com vários exemplos, as soluções políticas de tais governos verificou-se serem iguais ou piores que as dos chamados “governos burgueses” e foram antecedidas ou provocaram profundas alterações ideológicas nesses partidos comunistas que, efetivamente, deixaram de o ser.
No nosso país, o PCP, partido marxista-leninista, considera que (vêr aqui) “Portugal é um país cada vez mais injusto, mais desigual, mais dependente e menos democrático”, e destaca que “constitui um imperativo nacional”  “a urgência de uma ruptura com esta política, de uma mudança na vida nacional que abra caminho à construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda,”  “uma condição para assegurar um Portugal com futuro, de justiça social e progresso, um país soberano e independente.”
Essa política patriótica e de esquerda será:
“Patriótica, porque o novo rumo e a nova política de que Portugal precisa têm de romper com a crescente submissão e subordinação externas, e recolocar no centro da orientação política a afirmação de um desenvolvimento económico soberano, a redução dos défices estruturais, a defesa intransigente dos interesses nacionais, articulada com a necessária cooperação no plano europeu e internacional.
De esquerda, porque, sem hesitações, rompe com a política de direita, inscreve a necessidade de valorização do trabalho e dos trabalhadores, a efectivação dos direitos sociais e das funções sociais do Estado, promove a igualdade e a justiça social e o controlo público dos sectores estratégicos nacionais, assume a opção clara de defesa dos trabalhadores e das camadas e sectores não monopolistas.”
A luta por uma política patriótica e de esquerda é atividade militante a que se deve propor cada membro do PCP. A militância comunista (já disse aqui) é, “para o comunista, que tem no Partido a força dirigente aglutinadora e inspiradora,” “o mais exaltante motivo de vida." É direito e dever de todo o militante, militar! É função de quem dirige, promover e organizar essa militância! Negar o dever e o direito de militância, é ferir de morte um princípio elementar! (entre aspas citações de “O partido com paredes de vidro”, A. Cunhal).

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