sexta-feira, 29 de março de 2013

A. Cunhal: "arte é liberdade"

Realizou-se recentemente uma sessão cultural evocativa de Álvaro Cunhal. É claro que a comunicação social (democrática, isenta, pluralista) ignorou! Mas não podemos ignorar nós, gente do povo, gente da cultura! Não posso ignorar eu enquanto combatente na primeira linha da defesa da cultura!
Faz particularmente bem aos que são comunistas, e aos que se afirmam comunistas a leitura da obra "A arte, o artista e a sociedade" de Álvaro Cunhal, da qual vos deixo uma passagem que, a quem não entender e interiorizar, recomendo que decore e "recite" todos os dias ao deitar, para ver se alguma coisita vai ficando...
 
«Arte é liberdade. É imaginação, é fantasia, é descoberta e é sonho. É criação e recriação da beleza pelo ser humano e não apenas imitação da beleza que o ser humano considera descobrir na realidade que o cerca.»
 
 
 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Hugo Chávez: o discurso proibido

Um dos maiores fiascos da história dos grandes eventos da ONU foi a Conferência sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP-15, realizada em Copenhagen. Eis o discursos proibido de Hugo Chávez:
 
 
 
 

terça-feira, 19 de março de 2013

A atividade militante

Um comunista, não vive bem sem pertencer a um coletivo, onde partilhe a sua opinião e, ouvindo a dos outros camaradas, possa no final tirar uma conclusão que seja mais acertada... É fundamental na vida do Partido Comunista promover a reunião dos militantes, quer ao nível das células de empresa, que por outros meios w sob outras formas. É na contribuição de cada militante, do mais modesto ao mais erudito que está a riqueza de um grande coletivo. Militar, é uma forma de viver intrinseca à condição de um comunista.
De novo Álvaro Cunhal, refere:
 
"A actividade militante, motivo exaltante da vida"
"A actividade militante (ou militância) é a atitude característica do comunista na sociedade e na vida. É simultaneamente uma atitude política e uma atitude moral. Forma de trabalho que, no respeitante a dispêndio de energia intelectual e física, não se distingue de outras formas de trabalho, distingue-se, na sua essência, pela maneira como o militante do PCP a procura e a pratica. Pode ser (e no geral dos casos é) esforçada e cansativa. Constitui sempre motivo de satisfação.
É voluntária em sentido absoluto. É determinada por um elevado ideal. Torna-se, para o comunista, um imperativo político, cívico e social.
A maior alegria do militante comunista resulta do êxito alcançado, não para benefício próprio mas para benefício do povo. Quando, por exemplo, se consegue com a luta o aumento de salários dos trabalhadores e outros melhoramentos das condições de vida. Quando se consegue com a luta que os trabalhadores continuem laborando as terras das cooperativas. Quando se consegue com a luta defender a posse dos baldios pelos povos. Quando se consegue com a luta exercer liberdades que o Poder pretende recusar. Quando se consegue com a luta resolver problemas graves da saúde, da habitação, da educação. Quando se consegue com a luta instalar parques infantis ou centros de terceira idade. Quando se consegue com a luta atirar um governo a baixo para impedir que continue uma política de desemprego, fome e miséria. Em todos os casos a maior alegria dada pela militância é a consciência de se ser útil ao Partido, ao povo e à sociedade. A militância comunista enriquece a vida e o ser humano. É uma forma de trabalho que por si própria compensa quem a exerce. Cria, na participação colectiva numa causa comum, relações humanas caracterizadas pela isenção pessoal. Proporciona a harmonia entre o pensar e o agir — sólido fundamento da tranquilidade de consciência. Não ter uma actividade militante seria mais duro para um comunista do que quaisquer duras circunstâncias e provas exigidas pela militância. O comunista é militante porque sem uma actividade militante, sem o seu Partido, se lhe tornaria difícil viver. Para o Partido, essa militância é a fonte de energia actuante.
Para o comunista, que tem no Partido a força dirigente aglutinadora e inspiradora, a militância é, entre todos os motivos, o mais exaltante motivo de vida."
in: "O partido com paredes de vidro"
 
 

domingo, 17 de março de 2013

A organização

Os comunistas, como outros cidadãos de outros partidos, regem-se por princípios e normas. Destaca Álvaro Cunhal em “O partido com paredes de vidro” que “O «espírito de organização» é um traço típico do Partido e constitui um dos factores determinantes da sua força e capacidade de realização.
Das repetidas leituras que tenho feito desta obra, permitam-me destacar o seguinte:
“A ORGANIZAÇÃO E OS SEUS DOIS SIGNIFICADOS
Falando-se de organização devem ter-se em conta dois significados da palavra que traduzem duas realidades distintas: a organização no sentido da disposição e arrumação hierarquizada e funcional dos militantes; e a organização num sentido mais lato como aspecto universal de toda a actividade partidária.
No primeiro significado, os problemas e tarefas de organização abarcam o recrutamento, a estruturação, os órgãos, os organismos e as organizações, o seu funcionamento e as suas competências e responsabilidades. Abarcam também, em termos de funcionamento, os princípios orgânicos definidos nos Estatutos.
No segundo significado, os problemas e tarefas de organização, abarcando toda a actividade partidária, traduzem-se em decisões e medidas de planificação, definição de objectivos de acções a empreender, determinação e calendarização dos actos, mobilização e distribuição dos recursos naturais e humanos, fixação de tarefas, sua direcção e execução. A organização não é um fim em si mas um instrumento, uma arma para a acção colectiva. Neste segundo significado, organização é ordem, é sistematização, é método, é eficácia.
Tanto num como noutro significado, o PCP dispõe de uma forte organização, reconhecidamente sem paralelo em qualquer outro partido português. Por um lado, uma grande organização estruturada, na qual, por princípio, cada membro do Partido tem um lugar, pertence a um organismo, tem uma tarefa. É certo que este princípio não consegue ainda ser aplicado à totalidade dos membros. Há sempre uma parte considerável de membros do Partido com actividade irregular.
Por outro lado, a organização cuidadosa e sistemática de cada actividade, de cada acção, de cada iniciativa, de cada luta, é um aspecto fundamental da concretização do trabalho colectivo e um dos «segredos» da eficácia e do êxito das actividades do PCP. Certos críticos de mentalidade pequeno-burguesa julgam ver, tanto na integração dos militantes comunistas numa estrutura orgânica como nos métodos e hábitos da organização dos comunistas, qualquer coisa que contraria a liberdade e a iniciativa individuais. A verdade é que a organização nos seus dois sentidos, não só aligeira consideravelmente o esforço individual como permite de facto que seja assegurada a liberdade e se promova a iniciativa e a criatividade.
O «espírito de organização» é um traço típico do Partido e constitui um dos factores determinantes da sua força e capacidade de realização.”
 
 

Pelo que se conhece, o novo Papa não é um "Angelus"...

O novo Papa é já uma figura largamente referenciada como cidadão que se colocou ao lado poder fascista da Argentina e conta os defensores da "teologia da libertação".
"O Papa argentino, Francisco I, vem cumprir o projecto do poder mundial de disputar o consenso da sociedade, especialmente dos povos. Não se trata apenas de sustentar posições contrárias ao matrimónio igualitário ou contra o aborto, largamente difundidos pelo bispo Bergoglio, mas de gerir a uma consciência de disciplinamento para a ordem contemporânea, reacionária, de dominação transnacional."
Júlio Gambina traça aqui em breves pinceladas o perfil do novo Papa.
 
 

terça-feira, 12 de março de 2013

"Este lugar do mundo" e o Tocándar

Sirvo-me do título da intervenção de Saramago apresentada no “Congresso de Intelectuais e Artistas – Abril’ 87”, durante a qual diz a dado passo: “Os países pequenos são umas crianças. Qualquer representante duma grande potência será sempre escutado com atenção quase religiosa, mas a fala de um país fraco e dependente é o melhor dos pretextos para um passeio higiénico nos corredores, em benefício da circulação sanguínea.”
Assim estamos nós com os assuntos da cultura nesta Marinha Grande, que em cada dia que passa mais se assemelha a uma charneca. Alguns dos nossos projetos culturais são umas “crianças” ao pé das bienais das “grandes potências”…
Para vingar neste meio, ou se pertence a uma “família” influente ou a lobbie poderoso. As “forças do bloqueio” entram em cena do alto da sua mediocridade intelectual e cultural, quando sentem o perigo do sonho das crianças.
O que se tem passado com o projeto Tocándar é bem o exemplo do abandono a que é condenada uma iniciativa de carater eminentemente identitário, juvenil e que apesar de tudo resiste, porque vive nos corações de quem o mantém vivo.
Nunca foi dada nenhuma justificação para que o Tocándar tivesse que sair da Escola Calazans Duarte, onde nasceu. Quem concebeu a intervenção (Parque Escolar), quem a implementou e quem a negociou, não teve a “lucidez” (não quero chamar outra coisa…) para prever a necessidade de um espaço para o projeto.
O Tocándar pertence, por direito próprio, à cidade da Marinha Grande. E seria normal, num sítio normal, que a cidade, quem manda na cidade, já tivesse resolvido este problema. Ninguém, para além dos próprios jovens que são o coração do projeto, se tem interessado verdadeiramente. Promessas fazem-se à resma e à borla.
Eis que de novo os putos tocam à chuva! Tivesse quem tem podido e mandado a experiencia do trabalho no terreno e certamente as coisas não seriam assim!
Deixo-vos com as mil e uma artimanhas para conseguir trabalhar com dezenas de jovens, fugindo à chuva e ao mau tempo. Reflitam nas palavras da grande senhora do fado Ana Moura sobre o Tocándar! Meus senhores, minhas senhoras: haja vergonha!
 
 
Ouvir as palavras de Ana Moura aos 4:13 min
 
 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Chavez

Creio que todos os homens que marcaram a vida dos povos foram, até certo ponto "controversos". Um revolucionário não faz tudo bem, porque é humano. Na vida e na luta dos povos, não é possível estar ao mesmo tempo dos dois lados da barricada! Chavez escolheu o seu lado. O lado dos mais desfavoracidos. Tudo o que fez teve como intenção principal a defesa da sua Pátria. E ficará para sempre no coração do seu povo!... É tempo de lhe prestarmos a nossa humilde homenagem!
 
Partilho convosco um texto de Eduardo Galeana: «Hugo Chávez es un demonio. ¿Por qué? Porque alfabetizó a 2 millones de venezolanos que no sabían leer ni escribir, aunque vivían en un país que tiene la riqueza natural más importante del mundo, que es el petróleo. Yo viví en ese país algunos años y conocí muy bien lo que era. La llaman la "Venezuela Saudita" por el petróleo. Tenían 2 millones de niños que no podían ir a las escuelas porque no tenían documentos. Ahí llegó un gobierno, ese gobierno diabólico, demoníaco, que hace cosas elementales, como decir "Los niños deben ser aceptados en las escuelas con o sin documentos". Y ahí se cayó el mundo: eso es una prueba de que Chávez es un malvado malvadísimo. Ya que tiene esa riqueza, y gracias a que por la guerra de Iraq el petróleo se cotiza muy alto, él quiere aprovechar eso con fines solidarios. Quiere ayudar a los países suramericanos, principalmente Cuba. Cuba manda médicos, él paga con petróleo. Pero esos médicos también fueron fuente de escándalos. Están diciendo que los médicos venezolanos estaban furiosos por la presencia de esos intrusos trabajando en esos barrios pobres. En la época en que yo vivía allá como corresponsal de Prensa Latina, nunca vi un médico. Ahora sí hay médicos. La presencia de los médicos cubanos es otra evidencia de que Chávez está en la Tierra de visita, porque pertenece al infierno. Entonces, cuando se lee las noticias, se debe traducir todo. El demonismo tiene ese origen, para justificar la máquina diabólica de la muerte.»
 
A vida tem um fim! Mas a luta é eterna!
Até sempre comandante!


 

Da Federação Maximalista à fundação do PCP

Comemora-se hoje, dia 6 de março, mais um aniversário da fundação do Partido Comunista Português. Algumas careterísitcas distinguem o processo de formação deste partido, relativamente a outros partidos comunistas da Europa e deo mundo. Partilho convosco um trabalho de Domingos Abrantes "Da Federação Maximalista à fundação do PCP" (in. "O Militante", Domingos Abrantes, Edição Nº 302 - Set/Out 2009) que constitui um elemento de estudo fundamental para perceber algumas areterísticas fundamentais deste processo.
 
"A 6 de Março de 1921, na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, realiza-se a Assembleia que elege a direcção do PCP. Estava fundado o Partido Comunista Português. Nele confluem décadas de sofrimento e luta da classe operária portuguesa, as lições das grandes vitórias da classe operária internacional, os ensinamentos de Marx, Engels e Lénine. Com a fundação do PCP a classe operária portuguesa encontra a sua firme e segura vanguarda.
Logo após a sua constituição, a «Junta Nacional» do PCP (designação então dada ao seu organismo dirigente) realiza uma série de reuniões.
O Partido estabelece a sua sede na Rua do Arco Marquês do Alegrete, n.° 3, 2.° Dt.°. E aberta uma inscrição para o recrutamento de novos membros, atingindo-se em breve o milhar de filiados. Num Manifesto em que faz a sua apresentação pública, o Partido Comunista Português publica os 21 pontos da Internacional Comunista, que constituem a sua base política, afirmando assim também a sua adesão ao Movimento Comunista Internacional. Pouco depois forma-se também a Juventude Comunista.
Em fins de 1921, numa reunião conjunta do Partido e da Juventude, assenta-se no início da edição dos primeiros órgãos comunistas em Portugal. Ainda em 1921, inicia-se a publicação de O Comunista, órgão do Partido, e de O Jovem Comunista, órgão da Juventude.
Uma das mais importantes frentes de acção dos comunistas neste período é a sua luta dentro das organizações sindicais para dar umajusta orientação à luta dos trabalhadores epara a adesão do movimento sindical português à Internacional Sindical Vermelha.
A questão da filiação na ISV é discutida no Congresso Nacional Operário, em Setembro de 1922, na Covilhã. As propostas dos partidários da ISV são derrotadas, mas, apesar disso, as suas posições no movimento sindical continuam a ser muito fortes. Sob a condução dos comunistas, organizam-se Núcleos Sindicalistas revolucionários, que obtêm a adesão de muitos sindicatos.
Com a criação e acção do PCP acelera-se a necessária clarificação das tendências do movimento operário. Ê dado um importante impulso à consciencialização e desenvolvimento político das massas trabalhadoras. Mas as dificuldades desta luta são grandes. O nível de preparação política, teórica e prática dos militantes é ainda baixo. Falta ainda ao Partido uma formação marxista-leninista e uma direcção de militantes politicamente experientes."
Extraído do livro "60 anos de luta"
Viva o Partido Comunista Português!
 
 
 
 

terça-feira, 5 de março de 2013

Tomar partido

O ser humano é um ser eminentemente social! Nele está sempre presente o sentido de pertença a um grupo. É em grupo que produz e que sonha!...
Quando nasce a utopia, surge a necessidade de se chegar à ação, que possa concretizar a utopia. E para que a ação se concretize, é necessária teoria! Teoria que, para além de analisar o mundo, vise a sua transformação. E então nasce o projeto revolucionário. É por isso que tantos como eu temos aderido ao Partido. O Partido Comunista Português. Porque, como diz o poeta, “Tomar partido é ter inteligência | é sabermos em alma e consciência | que o Partido que temos é melhor.” Este, é o Partido a que aderi:
“O Partido Comunista Português organiza nas suas fileiras operários, empregados, intelectuais, quadros técnicos, pequenos e médios agricultores, pequenos e médios empresários do comércio, da indústria e dos serviços, homens e mulheres que lutam contra a exploração e a opressão capitalistas, pela democracia, pelo socialismo e o comunismo.
Podem ser membros do Partido Comunista Português todos aqueles que aceitem o Programa, os Estatutos, sendo seus deveres fundamentais a militância numa das suas organizações e o pagamento da sua quotização.
A estrutura orgânica e o funcionamento do Partido, definidos e desenvolvidos nos Estatutos, assentam em princípios que, no desenvolvimento criativo do centralismo democrático, respondendo às novas situações e enriquecidos com a experiência, visam assegurar simultaneamente uma profunda democracia interna, uma única orientação geral e uma única direcção central.
São princípios orgânicos fundamentais:
– a eleição dos organismos dirigentes do Partido, da base ao topo, e o direito de destituição de qualquer eleito pelo colectivo que o elegeu;
– a obrigatoriedade de os organismos dirigentes prestarem regularmente contas da sua actividade às organizações respectivas e considerarem atentamente as opiniões e críticas que estas exprimam como contribuição para a sua própria reflexão e respectivas decisões e melhorar o funcionamento colectivo;
– o carácter vinculativo para todos os organismos das decisões dos organismos de responsabilidade superior tomadas no âmbito das respectivas atribuições e competências e a obrigatoriedade de todos os organismos prestarem contas da sua actividade aos organismos de responsabilidade superior;
a livre expressão das opiniões e a sua atenta consideração e debate, procurando que no trabalho, na reflexão, decisão e acção colectivos dos organismos e organizações do Partido participe o maior número possível de membros e sejam inseridos os contributos individuais;
o cumprimento por todos das decisões tomadas por consenso ou maioria;
o trabalho colectivo e a direcção colectiva;
– o poder de decisão e mais ampla iniciativa de todas as organizações do Partido na sua esfera de acção, no quadro dos princípios estatutários, da linha política do Partido e das resoluções dos organismos de responsabilidade superior;
– o cumprimento das disposições estatutárias por todos os membros do Partido e a não admissão de fracções entendidas como a formação de grupos ou tendências organizadas - que desenvolvam actividades em torno de iniciativas, propostas ou plataformas políticas próprias.
Os princípios orgânicos do Partido garantem a participação de todos os militantes na elaboração da orientação do Partido, a responsabilidade e efectiva responsabilização da direcção perante o colectivo partidário e de todas as organizações e militantes perante a direcção, o debate construtivo com a expressão livre e franca de opiniões, o estímulo à iniciativa das organizações e militantes, a disciplina voluntária, consciente e responsável e a unidade ideológica, orgânica e de acção.
Estes princípios constituem uma base fundamental da força, da coesão e da disciplina do Partido, da sua ligação à classe operária e às massas populares, da sua capacidade de intervenção na vida nacional.”
In: “Programa do PCP” a provado no XIX Congresso, 2012
 
 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Todos é que somos!

Sábias palavras, forjadas numa análise que assenta na observação sistemática de experiências próprias e dos outros.
 
“O Partido é composto por todos os seus membros. Todos têm iguais direitos e iguais deveres. Entre os numerosos deveres indicados nos Estatutos (artigo 14.o) contam-se os de trabalhar pela aplicação da linha do Partido e para o reforço da sua organização e influência, reforçar a sua ligação com as massas, defender abnegadamente as reivindicações e aspirações dos trabalhadores, tomar activamente parte nas reuniões do seu organismo.
Por que se fala então em quadros do Partido? Falar em quadros do Partido não será o mesmo do que falar em membros do Partido? O que são afinal os quadros do Partido? Pode dizer-se, sumariamente, que todos os membros do Partido podem ser quadros do Partido, mas muitos não o são de facto. São quadros os membros do Partido que desempenham tarefas responsáveis em quaisquer escalões. Mas também são quadros todos aqueles que se empenham dedicadamente no cumprimento das suas tarefas, quaisquer que elas sejam.
Isto é: ser quadro do Partido, mais ou menos destacado, não se define obrigatoriamente pelo organismo a que o membro do Partido pertence, nem pelo grau de responsabilidade, nem pela tarefa que desempenha, nem sequer pelo nível da sua preparação política e dos seus conhecimentos gerais. Existem quadros do Partido em todas as organizações, em todos os graus de responsabilidade e em todas as tarefas. Existem quadros do Partido com os mais diversos graus de preparação ideológica e de conhecimentos. Os quadros revelam-se, afirmam-se e desenvolvem-se através da sua actividade. E uma vez que a formação de um quadro é um processo, não há um limite definido, rígido, divisório entre os membros do Partido em geral e os quadros em particular. A actividade do Partido é a actividade de todos os seus membros. A obra do Partido é a obra de todo o grande colectivo partidário.”
in: "O partido com paredes de vidro", 2010 Álvaro Cunhal, pp. 147,148
 
 

domingo, 3 de março de 2013

Sport Império Marinhense

Estive ontem no edifício sede do Sport Império Marinhense. Apreciei o enorme esforço que as direções e os ativistas da coletividade têm feito para reconstruir aquele que é o maior salão (creio eu) de uma coletividade da Marinha Grande. O trabalho associativo é de capital importância para a nossa vida coletiva. E os dirigentes associativos são os seus agentas mais importantes.
Relativamente ao Sport Império Marinhense, quero aqui prestar a minha homenagem a dois homens aos quais se deve em grande medida a construção do edifício sede no local onde hoje o encontramos. São eles o Gervário Tojeira (meu pai) e o Manuel Bonita (Manuel Pirata).
Trazer aqui a sua lembrança com uma pequena história.. Contou-me o meu pai o quanto foi difícil adquirir o terreno para a construção da sede. Só um notário, creio que na Batalha, conseguiu realizar tal ato. Então chegava meu pai ao Engenho, ao terreno para a sede, onde o esperava o Manuel Pirata. Meu pai saiu do carro e gritou. "Senhor Manuel: é nosso!" e o senhor Manuel lá fez rebentar um morteiro!
 
 
De pé, à esquerda, Gervásio Tojeira e à direita, Manuel Pirata
 
 
Abertura dos alicerces do edifício sede do Sport Império Marinhense
 
 
 

Pai

De certa forma, os pais continuam-se nos filhos... Os filhos passam na vida por situações idênticas áquelas que seus pais, a seu tempo, também viveram. É certo que com formas e conteúdos diversos, como ditam as leis da dialética.
Dei-me hoje a pensar no meu pai. Não que não pense amiude nele, mas hoje decidi partilhar convosco o pensamento... Não vos clarificarei o motivo, que guardo só para mim e para a memória que dele tenho.
Mas quero deixar-vos o meu testemunho de que, tantos anos depois da sua ausência física, ele continua a ser fonte de sabedoria tranquila, quando nas encruzilhadas da vida vasculhamos os arquivos da memória...
Pai: é bem verdade que aquele gajo que tu me dizias continua a "vender gato por lebre"! É bem certo que nesta vida não podemos ser sempre totalmente sinceros: às vezes, com alguma pessoas, temos de ter alguma "manha". Ensinaste-me sobretudo, que nunca devemos quebrar a coluna vertebral!
Provavelemente não nos iremos encontrar mais... Mas agradeço-te todos os dias pelos valores que em mim incutiste e que são em muitos momentos o fermento da minha indignação! Que transmitirei aos meus filhos!...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Dirigir!...

Como professor, como dirigente associativo, como líder de jovens e nas actividades médicas a que me dedico, confronto-me todos os dias com tarefas de direcção. Creio que uma boa preparação filosofica e conceptual é parte importante da minha capacidade de intervenção. Reconheço-vos que a obra cujo excerto vos apresento, constitui para mim fonte de permanente ensinamento e a ela recorro amiude, lendo, relendo e estudando cada capítulo... Deixo-vos mais um pedaço de texto, que ganha renovada importância quando enquadrado com as praticas em que nos envolvemos nas nossas vidas...
 
"A TAREFA COMPLEXA DE DIRIGIR
O trabalho de direcção envolve assim grandes responsabilidades, múltiplas competências e latos poderes. É essencial que o seu exercício seja conforme com os princípios orgânicos do Partido e, em particular, com o respeito da democracia interna e com a concepção do trabalho colectivo. Dirigir não é mandar, nem comandar, nem dar ordens, nem impor. É, antes de tudo, conhecer, indicar, explicar, ajudar, convencer, dinamizar. São péssimos traços para dirigentes o espírito autoritário, o gosto do mando, a ideia da superioridade em relação aos menos responsáveis, o hábito de decidir por si só, a suficiência, a vaidade, o esquematismo e a rigidez na exigência do cumprimento das instruções. Uma qualidade essencial num dirigente comunista é a consciência de que tem sempre de aprender, tem sempre de enriquecer a sua experiência, tem sempre de saber ouvir as organizações e os militantes que dirige.
E, quando se fala em ouvir, não se trata apenas de ouvir num gesto formal, protocolar e condescendente. Não se trata de receber passivamente e registar por obrigação o que os outros
dizem. Trata-se de conhecer, de aproveitar e de aprender com a informação, a opinião e a experiência dos outros. Trata-se eventualmente de modificar ou rectificar a opinião própria em função dessa informação, opinião e experiência.
A experiência de cada dirigente individualmente considerado é de grande valia. Mas a experiência dos dirigentes tem de saber fundir a experiência própria com a assimilação da experiência do Partido.
Daqui resulta que um dirigente dá uma contribuição tanto mais rica, positiva e criativa quanto mais baseia a sua opinião no entendimento da opinião dos outros e na assimilação da experiência colectiva, quanto mais consegue que o seu pensamento traduza, expresse e sintetize o pensamento elaborado colectivamente. Não apenas do seu organismo. Mas da sua organização. E do Partido em geral.
Perigoso para uma direcção e para os dirigentes (em qualquer escalão) viverem e pensarem num círculo fechado e à parte. Quando isso acontece, o ângulo de visão torna-se limitado e estreito. Aparece a tendência para atribuir à organização respectiva ou a todo o Partido ou às massas a opinião desse círculo estreito. Diminui a capacidade de apreender e conhecer o verdadeiro sentir e as verdadeiras aspirações e disposições do Partido e das massas. É indispensável, para um correcto trabalho de direcção, o estreito contacto com a organização, com os militantes e, sempre que possível, com os trabalhadores democratas sem partido. É de evitar tudo quanto tenda a distanciar os dirigentes da base do Partido. E de estimular tudo quanto aproxime e ligue num esforço conjunto todas as organizações e militantes, compreendendo os dirigentes.”
In: “O partido com paredesde vidro”, Álvaro Cunhal, 2010, pp.129-131