Sirvo-me do título da
intervenção de Saramago apresentada no “Congresso de Intelectuais e Artistas
– Abril’ 87”, durante a qual diz a dado passo: “Os países pequenos
são umas crianças. Qualquer representante duma grande potência será sempre
escutado com atenção quase religiosa, mas a fala de um país fraco e dependente
é o melhor dos pretextos para um passeio higiénico nos corredores, em benefício
da circulação sanguínea.”
Assim estamos nós com os
assuntos da cultura nesta Marinha Grande, que em cada dia que passa mais se
assemelha a uma charneca. Alguns dos nossos projetos culturais são umas “crianças”
ao pé das bienais das “grandes potências”…
Para vingar neste meio, ou se
pertence a uma “família” influente ou a lobbie poderoso. As “forças do bloqueio”
entram em cena do alto da sua mediocridade intelectual e cultural, quando
sentem o perigo do sonho das crianças.
O que se tem passado com o
projeto Tocándar é bem o exemplo do abandono a que é condenada uma iniciativa
de carater eminentemente identitário, juvenil e que apesar de tudo resiste,
porque vive nos corações de quem o mantém vivo.
Nunca foi dada nenhuma
justificação para que o Tocándar tivesse que sair da Escola Calazans Duarte,
onde nasceu. Quem concebeu a intervenção (Parque Escolar), quem a implementou e
quem a negociou, não teve a “lucidez” (não quero chamar outra coisa…) para
prever a necessidade de um espaço para o projeto.
O Tocándar pertence, por direito
próprio, à cidade da Marinha Grande. E seria normal, num sítio normal, que a
cidade, quem manda na cidade, já tivesse resolvido este problema. Ninguém, para
além dos próprios jovens que são o coração do projeto, se tem interessado
verdadeiramente. Promessas fazem-se à resma e à borla.
Eis que de novo os putos tocam
à chuva! Tivesse quem tem podido e mandado a experiencia do trabalho no terreno
e certamente as coisas não seriam assim!
Deixo-vos com as mil e uma
artimanhas para conseguir trabalhar com dezenas de jovens, fugindo à chuva e ao
mau tempo. Reflitam nas palavras da grande senhora do fado Ana Moura sobre o Tocándar!
Meus senhores, minhas senhoras: haja vergonha!
Ouvir as palavras de Ana Moura aos 4:13 min
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