15 de
setembro foi um dia como há muito não se via! Na Marinha Grande muito povo saiu
à rua empunhando cartazes de fabrico caseiro e conteúdos próximos do coração.
As redes sociais têm este poder de fazer convergir sentimentos individuais em
manifestações de uma vontade coletiva. Mas estas manifestações de vontades,
acontecendo datadas, não são mais que culminares de lutas empreendidas
diariamente pelas forças políticas e organizações sindicais que se opõem ao
rumo que é traçado pelos partidos das classes dominantes, instalados no poder.
Nada é, portanto, por acaso! Há é novas formas de organização e de demonstração
do descontentamento às quais é obrigatório estar atento!
As medidas
com que este governo nos tem brindado, fazem dele o governo mais reacionário do
País desde a Revolução de 1974. O projeto em desenvolvimento é um fracasso! O
défice não desceu, o desemprego disparou, o PIB caiu. O sistema nacional de saúde
e a educação estão a ser brutalmente atacados. O governo pretende destruir a
Previdência e arrasar a Segurança Social. A presente crise vai aprofundar-se
muito.
38 anos
depois de iniciada a Revolução Democrática e Nacional, uma nova grande
burguesia intimamente ligada ao imperialismo, encontra-se instalada no poder. Vivemos
sob uma ditadura da burguesia de fachada democrática. Creio que cada vez mais
portugueses vão ganhando consciência dessa realidade, apesar dos variadíssimos
mecanismos de alienação, nos media, na internet, na informação manipulada a que
as massas têm acesso. A engrenagem montada pelas forças do capital foi
concebida e funciona de modo a que alternadamente obtenham maioria parlamentar
e cheguem ao governo, exibindo uma falsa representatividade popular, ora o PSD
(levando a reboque o CDS), ora o PS. “É possível
em Portugal um governo menos reacionário, mas não um governo progressista.”
Os senhores do poder (PSD, CDS e PS) esquecem que, no movimento de fluxo
e refluxo da História, as grandes crises desembocam quase sempre numa
contestação torrencial quando os povos, atingido um limite, não podem mais
suportar a opressão da classe dominante e se mobilizam para lhe por termo. E
para se verificar a verdadeira rotura contra este sistema capitalista
irreformável, todos os movimentos sociais mais ou menos “espontâneos” e “independentes”
necessitam de coesão, organização e vanguarda. É aqui que têm papel fundamental
os verdadeiros revolucionários! De muitas aprendizagens com as quais tive
ocasião de me enriquecer ao longo da vida, não posso esquecer uma, que me
ensinou um velho guerrilheiro búlgaro. A sua formulação é simples: “onde
estiver o povo, estaremos nós!”