quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“Onde estiver o povo, estaremos nós!”

15 de setembro foi um dia como há muito não se via! Na Marinha Grande muito povo saiu à rua empunhando cartazes de fabrico caseiro e conteúdos próximos do coração. As redes sociais têm este poder de fazer convergir sentimentos individuais em manifestações de uma vontade coletiva. Mas estas manifestações de vontades, acontecendo datadas, não são mais que culminares de lutas empreendidas diariamente pelas forças políticas e organizações sindicais que se opõem ao rumo que é traçado pelos partidos das classes dominantes, instalados no poder. Nada é, portanto, por acaso! Há é novas formas de organização e de demonstração do descontentamento às quais é obrigatório estar atento!
As medidas com que este governo nos tem brindado, fazem dele o governo mais reacionário do País desde a Revolução de 1974. O projeto em desenvolvimento é um fracasso! O défice não desceu, o desemprego disparou, o PIB caiu. O sistema nacional de saúde e a educação estão a ser brutalmente atacados. O governo pretende destruir a Previdência e arrasar a Segurança Social. A presente crise vai aprofundar-se muito.
38 anos depois de iniciada a Revolução Democrática e Nacional, uma nova grande burguesia intimamente ligada ao imperialismo, encontra-se instalada no poder. Vivemos sob uma ditadura da burguesia de fachada democrática. Creio que cada vez mais portugueses vão ganhando consciência dessa realidade, apesar dos variadíssimos mecanismos de alienação, nos media, na internet, na informação manipulada a que as massas têm acesso. A engrenagem montada pelas forças do capital foi concebida e funciona de modo a que alternadamente obtenham maioria parlamentar e cheguem ao governo, exibindo uma falsa representatividade popular, ora o PSD (levando a reboque o CDS), ora o PS. “É possível em Portugal um governo menos reacionário, mas não um governo progressista.”
Os senhores do poder (PSD, CDS e PS) esquecem que, no movimento de fluxo e refluxo da História, as grandes crises desembocam quase sempre numa contestação torrencial quando os povos, atingido um limite, não podem mais suportar a opressão da classe dominante e se mobilizam para lhe por termo. E para se verificar a verdadeira rotura contra este sistema capitalista irreformável, todos os movimentos sociais mais ou menos “espontâneos” e “independentes” necessitam de coesão, organização e vanguarda. É aqui que têm papel fundamental os verdadeiros revolucionários! De muitas aprendizagens com as quais tive ocasião de me enriquecer ao longo da vida, não posso esquecer uma, que me ensinou um velho guerrilheiro búlgaro. A sua formulação é simples: “onde estiver o povo, estaremos nós!”

4 comentários:

Alfredo Poeiras disse...

A teoria Leninista da Revolução surge, quando a classe dominante já não consegue governar e os Oprimidos já não se deixam governar, este conflito de classes dá sempre em revolução.
Nessa altura teremos que estar preparados para a Ela, será que é no nosso tempo, para podermos dar um pequeno contributo,
Um abraço

João Faria disse...

Os verdadeiros Revolucionários??
Onde estiver o povo estamos nós??

Mas não é o próprio povo, o poder da revolução? Ou existe para ai alguma força, oculta dos demais, que desconheço?

E já agora esclareça-me, qual a razão de se enfiar (PSD,CDS,PS) tudo no mesmo saco e se deixar de fora o restante (PCP,BE,...)

É, afinal, uma revolução vermelha que se pretende. E já agora somos todos iguais certo, só que uns melhores que outros.

Grizalheiro disse...

Caro amigo João Faria: agradeço desde já o seu comentário. Os meus posts refletem a minha opinião. Naturalmente poderá não coincidir com a sua e isso não é nenhum drama. É saudável a troca de opiniões e argumentações acerca das questões que nos incomodam. Assim como é natural que haja perspetivas distintas. Eu não considero o PS igual ao PSD. O que penso é que a linha política defendida pelo PS é quase coincidente com a do PSD. Qualquer um desses partidos, no poder, executa políticas semelhantes. Aliás, sendo a base do meu artigo a política decorrernte do acordo com a troika, assinado pelo PS, PSD e CDS, é natural que os envolva aos três partidos nos comentários que faço. O PCP e o BE (são os partidos que refere) nunca estiveram no poder e por isso não poderão ser julgados de forma identica. Como fica patente no que escrevo, sou marxista-leninista. Militante do PCP. E a minha perspetiva de desenvolvimento social assenta no materialismo histórico. Daí que, naturalmente, considere que, tal como diz e estou de acordo, o povo é o poder da revolução, considero que uma parte do povo terá sempre o papel de vanguarda, que não é uma força oculta. A vanguarda resulta do reconhecimento, pelo proprio povo, dos seus líderes. É essa a "tal força", a que diz desconhecer. Quanto ao que designa de "revolução vermelha", direi que a revolução de que necessitamos é, em minha opinião, aquela que não é uma mera alternancia de protagonistas, para que tudo continue na mesma. Envio-lhe um abraço. e creia que é nestas trocas de opinião fundamentadas que está o verdadeiro sentido da democracia e do respeito mútuo.

Anónimo disse...

Pois, estou onde está o povo! O povo que trabalha e não recebe salário, o povo que acaba a licenciatura e não tem trabalho, o povo que não sabe se terá reforma dos descontos que efectou, o povo que deixou de acreditar na vontade do povo... Emigrei para onde precisam de mim, do meu trabalho, do meu contributo para a sociedade e onde trabalho para o presente e para o futuro.
Era isto que queria ter em Portugal, mas PS,PSD e CDS roubaram-me tudo, mais os que votaram neles!
O meu contributo é incentivar à luta e ir aí no Natal fazer umas compras, para ajudar a economia real.
Sou do povo e estou com o Povo...
Obrigado pelo blog e pelas reflexões, Paulo.
Abraço
Eduardo Lino