quinta-feira, 25 de outubro de 2012

As "sedes" como centros de recursos

A identidade dos marinhenses está indissociavelmente ligada ao vidro e à forma de organização da sua produção. Produzir é um ato eminentemente coletivo. No vidro, a “obraje” é o cerne da produção, sendo portanto parte principal da nossa identidade. E se na fábrica se vivia em coletivo, cá fora essa forma de estar encontrou tradução na maneira de conceber a vivência dos tempos libertados. É daí que nasce, em grande medida, a necessidade sentida de se criarem associações e coletividades de beneficência, cultura e recreio. As suas sedes sociais têm sido, em diferentes períodos históricos, local de resistência, de aprendizagem, de partilha, de criação e de fruição. Vive-se nos nossos tempos uma certa “crise associativa”, que não é mais que o reflexo da crise mais geral da sociedade. Com dedicação e persistência, o voluntariado associativo da nossa cidade tem encontrado formas de superar as dificuldades.
Para responder aos desafios dos novos tempos, é necessário um novo olhar sobre o potencial recurso que constitui a rede de sedes sociais do nosso tecido associativo. Através de uma política autárquica para o movimento associativo, cada edifício sede deverá constituir um centro de recursos para a dinamização da vida local. Cozinhas sociais, oficinas seniores, atividades envolvendo a população idosa e as crianças, universidade sénior descentralizada, gerontomotricidade, a somar às demais atividades que normalmente se desenvolvem, estarão no centro das possibilidades de intervenção. Em muitas situações, as direções e a massa associativa das coletividades puseram já os pés ao caminho. Mas é necessária uma política autárquica que coordene, oriente e financie esta importante área de intervenção. Esta é uma outra forma de respeitar, valorizar e aproveitar bem a nossa identidade.
In: JMG – 2012.10.25
 
 

3 comentários:

Anónimo disse...

é uma boa ideia, o problema é que a camara para estas "sedes" nunca tem disponobilidade financeira! por vezes ainda pede o apoio,material e ajuda as "sedes"!

Anónimo disse...

E que tal deixar de contar com os apoios para tudo e mais alguma coisa?

As sedes por si só, podem ser auto-suficientes, com o pagamento de quotas por parte dos sócios, com a realização de festas, com a exploração dos respectivos bares, com a exploração do espaço para diversas actividades, com a exploração dos jogos (matraquilhos, setas, snooker), e ainda assim cumprirem a seu apoio social sem necessitarem de apoios externos.

Depois queixam-se que os impostos estão altos...

Grizalheiro disse...

Caro Anónimo:
Não creio que as coletividades andem a pedir apoio para tudo e para nada!
Sou presidente da direção de duas coletividades (Ássociação tocándar e MOHER). Tanto uma como a outra desenvolvem muito trabalho para ultrapassar as suas necessidades. O Tocándar consegue juntar o dinheiro todo de que necessita sem recorrer à CMMG. A CMMG dá uma verba de apoio à atividade todos os anos, mas em contrapartida o Tocándar faz vários espetaculos para a câmara, realiza semanalmente oficinas e formações gratuitas para quem quiser participar e tem funções de representação do concelho. A MOHER solicita apenas apoio financeiro ou em material para as festas de S. Pedro de Moel. A restante atividade é suportado com fundo próprios. E nas restantes coletividades passa-se algo semelhante. Mas tudo isto não invalida (antes pelo contrário9 a existencia de todo um programa de intervenção nesta área tão sensível da nossa vida coletiva.