A identidade dos marinhenses está indissociavelmente
ligada ao vidro e à forma de organização da sua produção. Produzir é um ato
eminentemente coletivo. No vidro, a “obraje” é o cerne da produção, sendo
portanto parte principal da nossa identidade. E se na fábrica se vivia em
coletivo, cá fora essa forma de estar encontrou tradução na maneira de conceber
a vivência dos tempos libertados. É daí que nasce, em grande medida, a
necessidade sentida de se criarem associações e coletividades de beneficência,
cultura e recreio. As suas sedes sociais têm sido, em diferentes períodos
históricos, local de resistência, de aprendizagem, de partilha, de criação e de
fruição. Vive-se nos nossos tempos uma certa “crise associativa”, que não é
mais que o reflexo da crise mais geral da sociedade. Com dedicação e
persistência, o voluntariado associativo da nossa cidade tem encontrado formas
de superar as dificuldades.
Para responder aos desafios dos novos tempos, é
necessário um novo olhar sobre o potencial recurso que constitui a rede de
sedes sociais do nosso tecido associativo. Através de uma política autárquica
para o movimento associativo, cada edifício sede deverá constituir um centro de
recursos para a dinamização da vida local. Cozinhas sociais, oficinas seniores,
atividades envolvendo a população idosa e as crianças, universidade sénior
descentralizada, gerontomotricidade, a somar às demais atividades que
normalmente se desenvolvem, estarão no centro das possibilidades de
intervenção. Em muitas situações, as direções e a massa associativa das
coletividades puseram já os pés ao caminho. Mas é necessária uma política
autárquica que coordene, oriente e financie esta importante área de
intervenção. Esta é uma outra forma de respeitar, valorizar e aproveitar bem a
nossa identidade.
In: JMG – 2012.10.25
3 comentários:
é uma boa ideia, o problema é que a camara para estas "sedes" nunca tem disponobilidade financeira! por vezes ainda pede o apoio,material e ajuda as "sedes"!
E que tal deixar de contar com os apoios para tudo e mais alguma coisa?
As sedes por si só, podem ser auto-suficientes, com o pagamento de quotas por parte dos sócios, com a realização de festas, com a exploração dos respectivos bares, com a exploração do espaço para diversas actividades, com a exploração dos jogos (matraquilhos, setas, snooker), e ainda assim cumprirem a seu apoio social sem necessitarem de apoios externos.
Depois queixam-se que os impostos estão altos...
Caro Anónimo:
Não creio que as coletividades andem a pedir apoio para tudo e para nada!
Sou presidente da direção de duas coletividades (Ássociação tocándar e MOHER). Tanto uma como a outra desenvolvem muito trabalho para ultrapassar as suas necessidades. O Tocándar consegue juntar o dinheiro todo de que necessita sem recorrer à CMMG. A CMMG dá uma verba de apoio à atividade todos os anos, mas em contrapartida o Tocándar faz vários espetaculos para a câmara, realiza semanalmente oficinas e formações gratuitas para quem quiser participar e tem funções de representação do concelho. A MOHER solicita apenas apoio financeiro ou em material para as festas de S. Pedro de Moel. A restante atividade é suportado com fundo próprios. E nas restantes coletividades passa-se algo semelhante. Mas tudo isto não invalida (antes pelo contrário9 a existencia de todo um programa de intervenção nesta área tão sensível da nossa vida coletiva.
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